Sidrolândia foi palco para o 1º Encontro LGBTQIA+ Indígena do Brasil, nos dias 20 a 23 de junho. A iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em parceria com o Ministério dos Povos Indígenas, Funai, Secretaria de Estado da Cidadania e demais entidades, reuniu lideranças indígenas para fortalecer a identidade guarani-kaiowá, além de promover a visibilidade e a valorização da diversidade sexual e de gênero dentro das aldeias.
A iniciativa é parte do Programa Bem Viver+, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que promoveu a formação de defensores de direitos humanos, além de conectar organizações que trabalham em prol do povo guarani-kaiowá.
Durante os três dias de encontro, também foram discutidas estratégias de autoproteção contra a homofobia e a transfobia, e políticas públicas para a garantia de direitos dessa população.
Técnica da subsecretaria de Políticas Públicas para População LGBTQIA+, pasta ligada à SEC (Secretaria de Estado da Cidadania), Priscila Teruya acompanhou toda a programação, e explica que o sonho de realizar o encontro já vinha amadurecendo há dois anos por parte do Coletivo Juventude Indígena da Diversidade.
“A concretização ocorreu em 2024, com o tema ‘Nenhuma gota de sangue LGBT+ indígena a mais’. Participaram aproximadamente 35 indígenas LGBTQIA+ discutindo as principais demandas sobre desrespeito e LGBTfobia dentro dos territórios”, resume a técnica da subsecretaria.
Com apoio do Conselho Federal de Psicologia, o encontro também contou com a presença da escritora, mestre, psicóloga e membro do conselho, Geni Núñez, que é da etnia guarani.
No último dia houve uma noite de apresentação cultural com teatro, música, desfiles e também uma homenagem a um jovem guerreiro que partiu, Ronaldo, da coordenação do coletivo.
Para o subsecretário de Políticas Públicas para População LGBTQIA+, Vagner Campos, que esteve presente no encontro, é fundamental a presença do Estado em agendas onde a população LGBTQIA+ indígena tenha vez e voz.
“O nosso desafio é propor políticas públicas que contemplem todas as representações dentro da sigla, e para fazer isso precisamos coletar as demandas, ouvir e estar nos territórios, para construirmos ao lado do Governo Federal, políticas que venham fazer a diferença na vida da população LGBTQIA+ indígena sul-mato-grossense”.
O encontro foi uma ação piloto do Programa Nacional de Enfrentamento à Violência e de Promoção dos Direitos Humanos das Pessoas LGBTQIA+ nos territórios do Campo, das Águas e das Florestas, conhecido como Bem Viver+.
Além de funcionar como um espaço seguro de diálogo, troca de experiências e apoio mútuo entre indígenas LGBTQIA+, o evento também levou informações aos participantes sobre saúde integral, orientando-os acerca de serviços específicos direcionados às necessidades da população LGBTQIA+ indígena.
Para o chefe de gabinete da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Alessandro Santos Mariano, a atividade ainda oportunizou a formação de defensores de direitos humanos LGBTQIA+ e lideranças LGBTs indígenas – que estão se organizando em suas comunidades e são vítimas de violência dentro e fora das comunidades.
“Nesses dias em que estivemos reunidos com os guarani-kaiowá LGBTQIA+, buscamos propor ações e medidas que enfrentem a violência nesses espaços. A partir deste encontro, os indígenas retornam para as aldeias preparados para conscientizar mais jovens da comunidade”, relatou.
Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania, com informações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania