Publicado em 01 ago 2025 • por Paula Maciulevicius de Oliveira Brasil •
Com o objetivo de fortalecer a construção de políticas públicas baseadas em evidências, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da SEC (Secretaria de Estado da Cidadania), lançou o Painel das Pessoas Idosas, ferramenta inédita desenvolvida pelo Observatório da Cidadania de MS, em parceria com a UFMS.
A plataforma reúne dados sobre a realidade da população com 60 anos ou mais nos 79 municípios do estado, abordando temas como expectativa de vida, saúde, moradia, alfabetização, mercado de trabalho, condições de saneamento e violações de direitos humanos. As informações são apresentadas de forma interativa, com gráficos e filtros por faixa etária, gênero, raça/cor e localidade, e têm como fontes o IBGE, DATASUS, Disque 100, entre outras bases oficiais.

Durante o lançamento, realizado na sede da Pró-Reitoria de Cidadania e Sustentabilidade da UFMS, na quarta-feira (30), o vice-reitor da universidade, Albert Schiaveto de Souza, destacou o papel da academia na produção e aplicação do conhecimento.
“As universidades são a casa da produção de dados e informações de qualidade. Quando conseguimos associar esse trabalho aos órgãos públicos, potencializamos políticas públicas que atendem melhor à nossa comunidade. O Observatório da Cidadania é um exemplo disso, e a UFMS tem muito orgulho em colaborar com essa iniciativa liderada pelo professor Samuel Oliveira.”
Representando o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa de Mato Grosso do Sul, a presidente Irma Macário reforçou a importância do painel para os debates das conferências que acontecem este ano.
“Estamos finalizando as conferências municipais e prestes a realizar a conferência estadual em setembro. Esses dados serão fundamentais para embasar nossas propostas e melhorar as políticas públicas. Além dos números, eles traduzem vivências e ajudam a evidenciar aquilo que muitas vezes não conseguimos mensurar apenas com a escuta.”

Para o secretário-adjunto da Cidadania, José Francisco Sarmento, o painel reforça o compromisso do Governo do Estado com uma gestão pública qualificada e guiada por dados.
“A população idosa cresce a cada ano e é urgente termos políticas alinhadas com essa realidade. Esse painel nos mostra onde estão os desafios: moradia, educação, saúde, saneamento. A gestão pública precisa ser qualificada, e os dados são o nosso maior instrumento para isso. A parceria com a UFMS tem nos ajudado a transformar informação em ação, e o Governo do Estado está comprometido com esse processo”, afirma.
Painel das Pessoas Idosas
O painel permite aos usuários ter uma visão geral do estado e conhecer a realidade de cada um dos 79 municípios individualmente de forma visual e dinâmica abordando temáticas relacionadas a qualidade de vida. E ainda, possui uma página com informações sobre os conselhos e fundos municipais dedicados a população idosa.
“O Brasil e o Mato Grosso do Sul estão envelhecendo, precisamos nos conscientizar dessa realidade e identificar as necessidades que ainda precisam ser atendidas. O envelhecimento é um processo que atravessa gerações e exige escuta e compromisso coletivo para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Ao dar visibilidade aos dados por meio de um painel, estamos buscando evidenciar o atual cenário para que ações sejam promovidas no sentido de atender às necessidades das pessoas idosas e fortalecer o compromisso com a cidadania e os direitos humanos no estado”, explica o coordenador do OCMS, professor Samuel Oliveira.

Envelhecimento em números
De 2010 a 2022, a população 60+ em MS cresceu de 239,3 mil para 391,1 mil pessoas — um aumento de 63%. O maior crescimento proporcional ocorreu entre pessoas idosas autodeclaradas pretas, cujo número mais que dobrou no período.
Alfabetização
A taxa de alfabetização entre pessoas com 60 anos ou mais é de 94,61% no estado. Apenas 10 municípios superam essa média.
Expectativa de vida
As mulheres vivem, em média, quatro anos a mais que os homens sul-mato-grossenses — e dois anos a mais que a média nacional. A faixa etária com maior vulnerabilidade a doenças como Zika e Dengue é a de 60 a 64 anos.
Moradia e infraestrutura
Mais de 40 mil pessoas idosas vivem em imóveis alugados, e cerca de 124 mil declararam não ter banheiro ou sanitário em casa. A maioria delas se autodeclara parda, preta ou indígena.
Trabalho
Em 2024, houve redução de 2.413 postos formais ocupados por pessoas com 65 anos ou mais. A maioria dos desligamentos e admissões ocorreu entre homens com ensino médio completo.
Violações de direitos
As mulheres representam 67,4% das vítimas de violações contra pessoas idosas no Brasil. A faixa etária mais atingida é a de 70 a 74 anos.
Conselhos e fundos
O Estado possui 58 Conselhos Municipais da Pessoa Idosa ativos, mas ainda existem 8 inativos e 13 municípios sem Fundo Municipal — mecanismo fundamental para financiamento de ações.
O Painel das Pessoas Idosas está disponível no site do Observatório da Cidadania
Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania