Uma data que ficou na história, um mês de celebração. A Visibilidade Lésbica ganha holofotes devido ao Dia Nacional, comemorado em 29 de agosto. Em Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado da Cidadania levantou a bandeira das setes cores em diferentes espaços, mostrando o compromisso do Governo do Estado com a promoção dos direitos humanos e a inclusão.
“Desconstruindo Barreiras” foi o tema de uma série de ações com rodas de conversa em terreiros e tendas, bares e associações dentro do itinerário formativo lésbico.
A programação foi aberta no dia 15 de agosto, com a roda de conversa no Ponto Bar, região da Esplanada Ferroviária, e contou com a presença do subsecretário de Políticas Públicas para População LGBTQIA+, Vagner Campos, da subsecretária das Mulheres, Manuela Nicodemos Bailosa, a subsecretária de Defesa dos Direitos Humanos de Campo Grande, Priscila Justi, e da defensora pública de MS, Thaísa Defante.
“O evento abordou questões relacionadas à contribuição histórica e social das mulheres lésbicas para a defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+, invisibilidade lésbica dentro e fora da representação LGBTQIA+ e a sua correlação com a misoginia, questões conceituais tratadas sob o prisma histórico e filosófico”, explica a coordenadora de Combate à LGBTQIA+fobia da Subsecretaria, Tetê Costa.
As rodas de conversa também chegaram aos bairros, como na Associação de Amparo às Famílias do Buriti. Em três horas de troca intensa, foi possível falar sobre temas enriquecedores e ‘caros’ para esta parcela expressiva da população que ainda é vulnerabilizada socialmente.
Presidente da Associação, Andreia da Silva Bergamaschi conta que o diálogo reuniu mulheres de 30 a 75 anos. “Muitas avós, tias, que gostaram de ouvir sobre o tema. Muitas delas têm mulheres lésbicas na família, e ouvir tudo explicadinho como foi, reduz o preconceito que às vezes a própria família tem”, observa Andreia.
Espaços
Um dos espaços por onde o itinerário passou foi a tenda espírita Caboclo Tupi, na região do Bairro Santa Carmélia, em Campo Grande, que acolhe dezenas de casais lésbicos.
Na noite do dia 30 de agosto, pouco mais de 70 pessoas ouviram a palestra “Desconstruindo Barreiras”, na tenda, ministrada pela coordenadora de Combate à LGBTQIA+fobia da Subsecretaria, Tetê Costa.
“O que a gente observa é que as instituições, às vezes, fazem as coisas para o público que está ali na gestão. Sabemos que devem ser feitos sim, mas precisamos ir além, saber onde estão as mulheres. Observamos que aqui, por ser uma tenda inclusiva, e ser frequentada massivamente por mulheres lésbicas e casais de mulheres lésbicas, entendemos que aqui elas estariam. Muitas questões e discussões não chegam nas quebradas, então nós fizemos um compromisso de ir até essas pessoas”, explica a coordenadora.
Sacerdote de umbanda da tenda espírita Caboclo Tupi, Marcos Chastel ressalta que ver a casa ser contemplada no itinerário é motivo de alegria.
“A gente sabe muito pouco sobre os desafios das mulheres lésbicas, e é bom trazer para a comunidade umbandista e para os terreiros, essas informações, para que outras pessoas possam ter essa consciência de respeito, de amor, de luta. O que está acontecendo hoje aqui no terreiro é para dizer para todas as mulheres lésbicas que elas não estão só”, diz.
Assistente comercial, Jesika Corrêa de Souza é frequentadora da tenda há pouco mais de um ano, e compartilha o sentimento de não só ser acolhida, mas ver a casa abrir as portas para a roda de conversa.
“É muito importante, não só pra mim que estou no meio, mas para as outras pessoas também. Eu tenho orgulho de ser uma mulher lésbica, e fico muito feliz com ações assim. Hoje em dia está um pouco mais aberto para o tema, a gente vê na TV, a gente vê vários lugares abordando. E ter uma palestra voltada para isso, é como você se encontrar”, conta.
Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania