Fazendo um resgate histórico, permeado pelos grandes nomes dos movimentos sociais e das pesquisas, a mesa-redonda que reuniu a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos Bailosa, no último dia 4 de abril, falou da luta das mulheres durante o VII Encontro em Análise do Discurso: Linguagem, História, Ideologia e Revolução, no auditório da UEMS, em Campo Grande.
Na mediação, a professora da UEMS, Adma Salles Oliveira, fez questão de enfatizar que a universidade é fruto dos movimentos sociais e da luta da sociedade civil por uma educação pública.
“Essa é a luta que tem que haver continuidade, uma luta que não é uma análise discursiva de palavras, mas que está construída nas vivências dessa pesquisa pelos olhares das pessoas que estão nessa caminhada. O grupo de pesquisa sabe muito bem a quem ele deve. Então, se nós queremos uma transformação na ciência, no movimento, na situação que nós estamos, no caso presente, o caminho é a pesquisa, é a ciência”, pontuou Adma.
Subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos Bailosa, reforçou o lema da campanha do Governo do Estado “Todas diferentes, todas importantes – Mulheres em Foco”, utilizado durante o mês de março.
“A gente tentou construir várias realidades nessa imagem, porque acreditamos que todas somos diferentes, mas todas somos importantes, e as nossas diferenças não podem apresentar desigualdades. Então aqui, Mulheres em Movimento representa uma força transformadora na sociedade, atravessando fronteiras e quebrando barreiras em diversas áreas”, ressaltou.
Em sua fala, Manuela sustentou que desde os tempos históricos até a contemporaneidade, são as mulheres que têm liderado revoluções, participado ativamente de movimentos sociais e contribuído significativamente para mudanças políticas, culturais e econômicas.
“Este movimento não é homogêneo, reflete a diversidade de experiências, desafios e conquistas das mulheres ao redor do mundo. Então, trago aqui a imagem de Dorcelina Folador, de Mundo Novo, militante da causa da reforma agrária, dos direitos das mulheres, das pessoas com deficiência, e que infelizmente foi vítima da violência política de gênero”, recorda.
Através da figura de Dorcelina Folador, a subsecretária contextualizou que no âmbito político, as mulheres têm lutado incansavelmente pela representatividade em cargos de liderança e por políticas públicas que promovam a igualdade de gênero.
“Os desafios para as mulheres são diários, em face do patriarcado e das estruturas de poder que ainda limitam sua plena participação e a continuidade da sua vida. Conforme a gente vai avançando historicamente, e sempre é bom olhar para a história, porque o que a gente tem foi na base de muita luta, muito suor, muitas prisões, muitas mortes”, coloca Manuela.
Ao falar sobre violência de gênero, a subsecretária ressaltou que também é papel dos homens discutir o tema, além de pontuar que a universidade precisa conhecer as etimologias das mulheres da América Latina, e autores contra hegemônicos devem ser incluídos no campo do saber.
“Não acredito numa sociedade com igualdade de gênero, uma sociedade equitária, sem a gente destruir o racismo e o genocídio. À medida que avançamos, é crucial que continuemos a lutar por uma sociedade na qual todas as mulheres tenham a oportunidade de viver livres, sem medo de discriminação ou violência e com igualdade de oportunidades. Comprometimento público, do conjunto da sociedade com o fim do machismo patriarcal”, destaca Manuela.
Feminicídio Zero e Equidade
Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, reforçou as duas missões dadas pela Presidência da República, à gestora da pasta: equidade salarial e feminicídio zero.
“Não dá para termos um país onde as mulheres trabalham, fazem o mesmo trabalho que os homens, ganhando menos. Nós precisamos vencer, e precisamos ter como meta o feminicídio zero”, lembrou Cida sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Cida pontuou que não basta discutir apenas igualdade via salário, e sim debater a divisão das tarefas. “A gente está chegando aonde nós precisamos chegar. Porque a equidade de gênero não é um problema do Governo. A equidade de gênero é um problema do Brasil, das empresas, das instituições. O processo para se conseguir a equidade passa pela lei da igualdade salarial e remuneratória, é um processo de reconstrução e reorganização da cultura organizacional e empresarial do país, e isso se dá colocando, efetivamente na pauta, a questão de gênero e a questão das mulheres. É pensar na questão dos cuidados, sobre ter creche, como está a licença paternidade”, exemplifica a ministra.
Cida Gonçalves também ponderou que cabe à sociedade contribuir para a equidade de gênero exercendo o papel da cidadania ao eleger um maior número de mulheres como representantes.
Quanto ao feminicídio zero, a ministra pontuou que é uma questão da sociedade brasileira, das instituições e da academia. “Se nós estamos chamando as empresas para ajudar a fazer o debate sobre a questão do ódio contra as mulheres, as entidades governamentais e a sociedade organizada, a academia tem que começar a entender sobre isso. Não temos produção sobre misoginia, a academia precisa produzir, construir, ter fala, pronunciamento, a academia tem que escrever o que nós estamos enfrentando sobre o ódio”, alertou.
Paula Maciulevicius, da Comunicação da SEC.