Rua 14 de Julho, manhã de sexta-feira. Entre o vai e vem de carros, motocicletas e pedestres, cadeiras sem dono ocupam as vagas que são delas por direito. Os olhos atentos podem ler o aviso: “essa vaga não é sua nem por 1 segundo”.
A ação da Agetran, Prefeitura de Campo Grande e com apoio da Cidadania, leva conscientização e reforça o que muita gente parece ter se esquecido.
“Muitas vezes a pessoa está ali, liga o alerta e é visível que ela não usa aquela vaga, mas está ali naquele, dizendo ‘só um pouquinho, só um minutinho, vou ali rapidinho’”, narra Suzana Vieira Castro, de 41 anos.
Aposentada desde que sofreu um acidente de moto, 16 anos atrás, Suzana conta que a “briga” pela vaga destinada exclusivamente à pessoa com deficiência é justamente pela falta de mobilidade.
“A gente desce do carro, o trajeto é longo, tem a dificuldade na questão da rampa, do acesso. Então já é dificultoso, e quando não tem a vaga complica mais ainda”, completa.
Suzana recorda que o pensamento não foi sempre este. Antes de sofrer o acidente e precisar de cadeira de rodas para se locomover, a estrutura das ruas e calçadas passava batido.
“Eu sempre falo assim: antes o meio fio era um meio fio, pra mim era simples, era um meio fio, hoje pra mim ele é um muro. 16 anos atrás era um simples meio fio, hoje não, ele é um muro, ele bate de frente, ele me empurra, ele me joga no chão. Essa é a minha realidade”, resume.
Especialista em Educação de Trânsito da Agetran, Ivanise Rota explica que o objetivo da campanha é provocar a empatia e o respeito aos motoristas. “A vaga não é sua se você não tem deficiência nem por um segundinho. Vou tomar um cafézinho e volto já. Só fui deixar alguém, só fui… Não, ela não é sua”, frisa.
A ação nacional acontece em diversas cidades do País, e faz parte do mês Maio Amarelo “A paz no trânsito começa por você”.
Para ter direito a estacionar na vaga destinada à pessoa com deficiência física, basta ir até a Agetran com o laudo que ateste a deficiência, e pedir a credencial que precisa ser deixada no carro em local visível. Lembrando que a deficiência não precisa ser necessariamente do motorista, e sim do passageiro.
Para a subsecretária de Políticas Públicas para Pessoa com Deficiência, Telma Nantes de Matos, ações como esta mostram para a sociedade que as pessoas com deficiência precisam de respeito.
“Isso é acessibilidade, isso é inclusão. Então assim, um evento deste vem falar para a sociedade, estamos aqui, nós precisamos desse respeito, nós estamos reivindicando a nossa vaga de estacionamento, a nossa calçada acessível é fundamental”, avalia.
Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania