Oficina da Igualdade Racial leva técnicas e empoderamento para comunidade quilombola

  • Publicado em 04 out 2024 • por Paula Maciulevicius de Oliveira Brasil •

  • O que trançar cabelos tem a ver com a ancestralidade? O resgate da história afro-brasileira passa pelos cachos e também pelo tom e cor da pele. No último dia 28 de setembro, a Subsecretaria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, pasta ligada à Secretaria de Estado da Cidadania, levou para a comunidade quilombola Furnas do Dionísio o pertencimento que a estética pode revelar.

    Dividida em três momentos, a oficina “Beleza Negra” trouxe primeiro a contextualização sociocultural da mulher quilombola, para então apresentar técnicas de aperfeiçoamento de cachos e tranças, com a profissional Grazi Hair, e por fim, dicas de maquiagem para a pele negra, com a especialista Negona Make.

    Grazi Hair, subsecretária Vânia Lúcia Baptista Duarte e Negona Make na oficina Beleza Negra, em Furnas do Dionísio.

    “A importância do cabelo afro passa por diversas questões. É uma afirmação política, cultural, identitária e de resistência da população negra que, cada vez mais, vem valorizando o seu cabelo afro com diferentes penteados e trançados”, ressalta a subsecretária de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte.

    A ação, que teve como parceiros a Coordenadoria Municipal para Promoção de Igualdade Racial de Jaraguari, Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Furnas do Dionísio/Comunidade Quilombola Furnas do Dionísio, Studio Grazi Hair e Negona Make, reuniu mais de 30 mulheres e fortaleceu a autoestima e gerou novas oportunidades de renda para as participantes.

    O evento contou com a participação de especialistas e finalizou com a entrega de certificados para as participantes da comunidade, celebrando a cultura, a beleza e o empoderamento negro.

    Para “Negona Make”, como se apresenta a maquiadora especialista em pele negra, a experiência foi muito valiosa pela troca de vivência entre as mulheres. “A melhor coisa de se fazer algo é deixar um pouco do seu conhecimento com pessoas maravilhosas. Aqui eu ensinei técnicas de make rápida, porque o nosso tempo é curto, para a gente já levantar pronta para o dia. Falei sobre base específica, e foi incrível vê-las felizes, e juntas, colocando em prática o que passei”, descreve.

    Ao explicar as diferenças entre os tipos de cabelos crespos e cacheados, Grazielle Ferreira, do estúdio Grazi Hair, explicou também sobre a importância do cabelo afro e como iniciar um procedimento.

    Cuidados com couro cabeludo, como repartir e trançar foram ensinados por Grazi.

    “Desde fazer um cuidado, a uma boa repartição, o couro cabeludo. Foi uma oficina que eu, como empreendedora negra e trancista, levei meu conhecimento a elas e fiquei muito feliz de participar, principalmente porque falei sobre a mulher negra e o empoderamento da mulher negra com a sua nagô”, conta.

    Trabalhando há 12 anos na área, Grazi ressalta que as tranças e o cabelo afro tem uma ligação fundamental com a cultura e a identidade negra.

    “As tranças foram usadas como ferramenta de sobrevivência durante o período da escravidão, e eram como um meio de comunicação para transmitir as mensagens entre as tribos. As tranças até hoje trazem o significado de sobrevivência, mas como forma econômica para muitas pessoas negras, por meio do trabalho”, destaca.

    Participantes ainda receberam certificado de oficina.

    Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania

    Categorias :

    Cidadania, Racial

    Veja Também