Publicado em 20 mar 2025 • por Paula Maciulevicius de Oliveira Brasil •
Em comemoração ao Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e Religiosa, data celebrada em 21 de março, a SEC (Secretaria de Estado da Cidadania) foi palco para uma grande discussão acerca das políticas públicas para promoção da igualdade racial em Mato Grosso do Sul.
A abertura contou com louvores a Exu, Ogum e Oxóssi, figuras ligadas às religiões de terreiro e matrizes africanas. “Exu é o dono do caminho, o movimento, a palavra, a articulação, o trabalho e a prosperidade. Diferente do que se coloca ao mundo como se fôssemos profanos. Me perguntam se a gente acredita em Deus, e sim a gente acredita, só rezamos de uma outra forma”, explica Bàbà Pedro Gaeta, presidente do Cedine/MS (Conselho Estadual dos Direitos do Negro), e quem esteve à frente das saudações.


Subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte, enfatizou que a data é o momento de reflexão e de trazer a pauta do racismo à tona.
“Nós pedimos respeito e o reconhecimento a quem nós somos, a nossa forma de falar e de existir, porque quando chega um corpo negro, as pessoas ainda recusam. A intolerância religiosa e o racismo existem, e precisamos trazer a pauta para que outras pessoas venham aderir e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária”, destaca Vânia.
Coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro do MS, Romilda Pizani, trouxe para a discussão o livro “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves. “No período colonial, se você fosse convidado ou quisesse acessar algum lugar público, teria que escrever uma carta com um currículo e pedir vistas porque você tem um defeito de cor. Trazendo para a nossa atualidade, não mudou muito, esse defeito de cor nos acompanha e nós temos que olhar de forma com que não sejam demonizadas as religiões de matrizes africanas”, pontua.

O encontro seguiu com falas e provocações acerca do enfrentamento ao racismo e intolerância religiosa. Educadora e escritora, Sarah Muricy compartilhou sua história e a missão de realizar um dos sonhos de suas ancestrais, o de escrever.
“Quando você tem o sonho de escrever, a palavra segue te salvando e te resgatando de tantas memórias que você cresceu ouvindo: que Deus e demônio eram as únicas possibilidades. Mas aí você descobre que em vez de existir só o ruim e o bom, a gente aprende uma outra palavra: ubuntu, que significa eu só sou o que você é e que eu só existo, porque você existe”, poetizou.
21 Dias de Ativismo

No mês de março, o Estado de Mato Grosso do Sul une forças contra a discriminação racial e religiosa com a campanha 21 dias de ativismo, realizada pela Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, pasta ligada à SEC (Secretaria de Estado da Cidadania).
A escolha do mês é simbólica e lembra o “Massacre de Shaperville”, ocorrido no dia 21 de março de 1960, quando foram assassinados 69 jovens e outras centenas ficaram feridas. Desde então, a ONU considera a data como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Para a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, a casa da Cidadania está sempre de portas abertas. “Estamos trazendo todos vocês para discutir e nos direcionar como que, enquanto Governo de MS, podemos trabalhar as políticas públicas para as pessoas silenciadas seja nos quilombos, nas comunidades indígenas, nos terreiros e nas religiões de matrizes africanas, nós queremos construir junto com você um Estado que seja, de fato, inclusivo e que não seja apenas uma retórica”.
Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania