Cidadania promove debates e ações com indígenas LGBTQIA+ em aldeias de MS

  • Publicado em 30 abr 2025 • por Paula Maciulevicius de Oliveira Brasil •

  • Rodas de conversa, doação de sementes e plantios de árvore marcaram mais uma ação do Programa Bem Viver + em aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. Nos dias 25 e 26 de abril, a SEC (Secretaria de Estado da Cidadania) por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários e Centro Estadual de Cidadania LGBT, esteve com a juventude guarani-kaiowá LGBTQIA+ e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

    Mato Grosso do Sul é o Estado pioneiro que desde 2024 recebe oficinas e atividades do programa que tem o objetivo de compreender os desafios enfrentados pela juventude guarani-kaiowá LGBTQIA+, em especial no âmbito da saúde mental.

    Na agenda de abril, foram promovidos espaços de diálogo, além do plantio de 250 árvores nativas e frutíferas, e distribuição de 200 quilos de sementes de milho crioulo pixurum, com foco na recuperação ambiental e no incentivo de práticas sustentáveis nas aldeias indígenas.

    Saúde mental nos territórios

    As atividades contaram com a presença do corpo pedagógico do colégio e de representantes da Secretaria Municipal de Educação (Foto: Gualoy Guarani)

    Por meio de uma metodologia focada na construção do diálogo, cerca de 100 jovens estudantes indígenas da extensão do Colégio Estadual Coronel Sapucaia, localizado na Aldeia Taquaperi, no município de Coronel Sapucaia, falaram sobre os principais desafios de ser indígena nas comunidades, além de trazer as principais causas de adoecimentos, o grupo também apontou estratégias coletivas de superação dessas violências.

    As rodas de conversa são ferramentas de escuta da juventude indígena Guarani-Kaiowá, que frequentemente é vítima de violências e violações de direitos humanos. Entre as principais consequências estão os altos índices de depressão identificados entre jovens indígenas LGBTQIA+.

    “É na coletividade, através de espaços de diálogo, que podemos promover o autocuidado e a autoproteção”, explica a coordenadora do programa Bem Viver+ junto à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Anakeila Barros.

    Saber e conhecimento ancestral

    A agenda contou com a presença de representantes da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do MDHC nas aldeias Amambai e Limão Verde, no município de Amambai, e Nhanderu Marangatu, na cidade de Antônio João. No local, eles foram recebidos ao som de cantos e rezas guarani-kaiowá e promoveram o plantio de árvores e a distribuição de sementes tradicionais para os povos indígenas.

    O chefe de gabinete da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Alessandro Mariano, frisou que as ações reafirmam a natureza do programa Bem Viver+ de promover a recuperação ambiental e a produção de alimentos, por meio da valorização do saber e do conhecimento ancestral. A atividade também é mais um passo para superação das violências e construção de territórios livres que assegurem o direito à vida e às existências diversas, sem discriminação e estigmas.

    “Com o povo guarani-kaiowá temos aprendido que as relações coletivas sustentam a cultura, o conhecimento ancestral, as rezas e a defesa dos territórios”, afirmou. “Nosso objetivo é conectar esse histórico coletivo de resistência, com as ações de autoproteção, autocuidado e organização das pessoas LGBTQIA+”, completou.

    Para o coordenador de Políticas para Indígenas LGBTQIA+ no Ministério dos Povos Indígenas, Niotxarú Pataxó, o Bem Viver+ reforça o diálogo com as comunidades indígenas visitadas. “Por meio de suas lideranças e educadores, a ação promoveu atividades que fortaleceram a conexão entre os objetivos do programa Bem Viver+ e a prática do autocuidado de maneira integral junto a estudantes e indígenas LGBTQIA+”, avalia.

    Bem Viver+

    O Bem Viver+ é um programa interministerial instituído em parceria entre os ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), dos Povos Indígenas (MPI) e da Igualdade Racial (MIR) voltado ao enfrentamento das violências e promoção dos direitos humanos das pessoas LGBTQIA+ do campo, das águas e das florestas.

    Foi realizada a entrega de mudas de árvores e sementes na aldeia Limão Verde (Foto: Wesley Lima)

    O programa tem como base a diversidade cultural e étnica, o respeito aos direitos humanos e a construção de territórios livres de preconceitos e violências, construindo ações de valorização das relações de solidariedade e harmonia entre os seres humanos e o meio ambiente.

    Entre os objetivos estão a formação de defensores e defensoras de direitos humanos LGBTQIA+, a construção e o fortalecimento de redes de proteção, o incentivo a práticas de autocuidado e o apoio a iniciativas de autoproteção contra violências motivadas por preconceito à identidade e expressão de gênero, às características e à orientação sexual.

    A comitiva interministerial do programa Bem Viver+ foi coordenada pela equipe do MDHC e contou com representantes dos ministérios dos Povos Indígenas (MPI), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-Campo Grande) do Ministério de Saúde (MS), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Secretaria de Estado da Cidadania (SEC) do Governo de Estado do Mato Grosso do Sul e da Juventude Indígena Diversidade Guarani-Kaiowá (Juind).

    Assessoria de Comunicação da Cidadania com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

    Categorias :

    Cidadania, LGBTQIA+, Povos Originários

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